Nesta quarentena, tenho tido atitudes estranhas. Tenho falado com as coisas. E com bichos que nem conheço.

A máquina de lavar virou minha melhor amiga. Reconheço que tem sido um pouco pesada a vida dela, mas nunca reconheci seu valor. Hoje agradeço a cada nova batida de roupa que ela me oferece. Quietinha ali no canto dela, sguindo o batidão da vida, sem reclamar.

Parei de criticar minha geladeira, quando dizia que ela era a ‘falsa” grande. Não é nada, é enorme, linda e gelada. Ah! E ainda me avisa se eu esqueço a porta aberta, pra ajudar na economia da casa.
E o fogão? Agradeço também pelos sabores que ele prepara, os cheiros e aromas que nos proporciona, trabalhando em conjunto com as panelas. E agora, agradeço fervorosamente cada refeição que fazemos. Sempre tendo meu marido como chef na orquestração desses sabores.

Agradeço por cada alimento, lata, plástico, isopor, garrafa, saquinhos que lavo, logo que chegam do supermercado. Que turma bacana essa!

Durmo toda noite agradecendo à minha cama maravilhosa, macia. Às cortinas que me deixam no escuro do quarto. Mas quando cehga de manhã, a primeira coisa é abrir as janelas, deixar o vento entrar, agradecendo ao sol maravilhoso que nos ilumina. Nossa! Como sinto falta dele, da sua energia na minha pele por horas e horas, em que me deixava quarar , sem medo de rugas, de queimaduras… O sol sempre foi meu amigo, adoro seu brilho e suas boas energias.

Enquanto lavo as louças, fico da janela vendo um cahorro que me lembra a Cléo, pelo seu latido. Me acostumei a vê-lo todas as manhãs, pulando ao redor do dono, que, ainda não percebeu a falta que um cachorro nos faz. Aí me apeguei a ele. Assovio de determinada maneira, e ele percebe. Levanta a cabeça e procura de onde vem. Fiz isso outro dia, instintivamente e a turma de operários de uma obra que fica entre mim e o cachorro achou que estava assobiando pra eles. Sumi da janela.

E tem os pombos, os bem-te-vis, as cotovias, na madrugada, me avisando que o dia já vem chegando, tenha calma, relaxe!

Presa no meu mundo de 150 m2, só saio pra cuidar da minha mãe. Ou pra comprar algum remédio pra ela. Que honra poder retribuir tudo o que ela sempre fez por mim. E isso é quse nada, perto da muher que ela é, diante de tudo o que já fez por todos nós.

Enfim, mas por que diabos as misses tinham razão? Simples: porque elas sempre desejaram a paz mundial. E sempre elogiaram o livro “Pequeno Príncipe”, cuja frase mais famosa é : “O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração.”