Até que ponto a criatividade só funciona com um doberman no nosso pé?

Só pelo fato de sermos brasileiros, precisamos ser criativos. Porque a cada momento, a gente precisa se reinventar, experimentar novos caminhos, mudar de atitude, buscar o melhor, com crise, sem crise. No meu caso, como publicitária, se o prazo, verba ou limitações de produção se tornam dobermans, rotweillers ou pitbulls, a criatividade precisa virar “o encantador de cães”.

Quais os principais componentes da criatividade?

O melhor da criatividade é não ter regras, é ser livre, aparecer quando der na telha dela, seja na forma de insight, seja como fruto de um trabalho duro.  Enfim, não existe receita de bolo. Tudo pode começar com uma folha em branco, ou no escuro do quarto. Mobilidade de raciocínio, perceber novas formas de abordar um assunto, usar analogias, metáforas ou ideias contrárias, abstratas, símbolos, etc, são formas de tentar capturar a criatividade.

Todo mundo é criativo? Mas então por que uns fazem disso uma profissão e outros preferem a matemática?

Cada um possui uma capacidade criativa, que pode e deve ser canalizada para os mais diversos campos. Afinal, quem disse que quem trabalha com matemática não é criativo? Já pensou o que é transformar tantos números e sinais em algo como um computador, um carro, um prédio, uma ponte? O teclado de um piano, as notas musicais e ritmos nada mais são do que a lógica da matemática utilizada a favor da música, uma das mais ricas expressões da criatividade e da arte.

Como funciona o processo de criação?

Tudo que tem um processo, acaba preso. E a criatividade é algo livre, na minha opinião. Acredito que cada pessoa ( uns mais, outros menos) já nasce com uma boa dose de criatividade dentro de si. No meu caso, quanto mais o tempo passa, mais essa criatividade sente liberdade e vontade de sair e de se expressar. Posso estar tomando banho ou tomando sol,  dirgindo ou caminhando, olhando para um paisagem inspiradora ou no meio da multidão, em silêncio ou cantando, dormindo ou sonhando, que ela me acorda e se faz presente. Ao me envolver a cada novo trabalho, mergulho no assunto, aprendo, procuro elementos que facilitem meu objetivo, que é trazer soluções e resultados para meus clientes.

De que maneira podemos administrar a demanda do cliente e a ideia criativa?

Estar envolvida com os mais diversos assuntos, clientes e marcas acabam eliminando aquela ânsia criativa. Pesquisa, caminhos, traçar objetivos e resultados. Da mesma forma que não me preocupo em respirar, tenho certeza que a melhor ideia e solução vão aparecer para ajudar a resolver qualquer questão que o cliente precise, por mais complexa que seja. E, é claro, sempre existe o trabalho em equipe,  experiência e o tempo para ajudar a tornar isso algo bem tranquilo.

Qual a maior frustração durante um processo criativo?

Não conseguir traduzir uma ideia bacana em uma peça à altura, seja anúncio, spot, filme, outdoor, etc. A ideia é ótima, mas a produção, a foto ou o filme não traduziram.ou não trouxeram os resultados necessários.

É preciso se “desligar dessa tomada” fora do trabalho?

Nem sempre. Fico sempre ligada, porque tudo vira matéria-prima: cinema, livro, música, teatro, gente, vida, enfim, meu lazer faz parte do meu trabalho, olha que maravilha. Acho que isso é um privilégio: trabalhar com o que você ama, com o que faz parte da sua vida. Quantas vezes eu acordo de madrugada, preciso levantar e escrever algo interessante, que não pode ser perdido naquele momento. Se espero até o dia seguinte, a ideia foge e, de pirraça, não volta, porque não foi ouvida.

 Qual a melhor ideia do mundo?

Impossível eleger a melhor, mas que eu queria canonizar quem inventou a anestesia, eu queria.

Qual a pessoa mais criativa do mundo?

Deus. Afinal, Ele não criou o mundo?