Desde pequena, ela ficava ali, de braços abertos, olhando para a casa. Via o pai saindo para o trabalho cedo. A mãe saindo para as compras. E as crianças, para a escola. Como elas cresceram rápido! Via a empregada cuidando da casa, do jardim. E ela ali, de braços abertos. Sentia o vento soprando, o sol vinha sempre para uma visita. Às vezes, breve, quando as nuvens resolviam fechar o tempo. Ah, a chuva! A chuva era fantástica- quando estava de bom-humor. Quando vinha brava, sai de baixo. Lembra-se de quando era ainda um broto, conhecendo a vida, crecendo, se transformando junto com o tempo. E a noite chegava, as estrelas e a lua chegavam, o pai chegava, recebido com alegria pelas crianças. O jantar, a TV, o silêncio. A casa dormia. E ela, a árvore, também.